Friday, July 21, 2006

O NÓ

O Nó

Numa reunião de pais numa escola da periferia, a directora realçava o
apoio que os pais devem dar aos filhos e pedia-lhes que estivessem
presentes o maior tempo possível...

Considerava que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade
trabalhassem fora, deviam encontrar tempo para se dedicarem e compreenderem
os filhos.

A directora ficou muito surpreendida quando um pai se levantou e
explicou, de forma humilde, que não tinha tempo de falar nem de ver o filho
durante a semana pois, quando ele saía para trabalhar, o filho ainda estava
a dormir e, quando voltava do trabalho, o garoto já não estava acordado.

Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para sustentar a família,
mas que ficava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava
redimir-se indo beijá-lo todas as noites quando chegava a casa.

E, para que o filho soubesse da sua presença, dava um nó na ponta do
lençol que o cobria. Fazia isto religiosamente todas as noites quando o
beijava. Quando o filho acordava e via o nó, sabia assim que o pai tinha lá
estado e o tinha beijado. O nó, era o meio de comunicação entre eles.

A directora emocionou-se com a história e ficou surpreendida quando
constatou que o filho deste pai era um dos melhores alunos da escola!

O facto faz-nos reflectir sobre as muitas maneiras das pessoas estarem
presentes e de se comunicarem com os outros. Este pai encontrou a sua,
simples mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através
do nó afectivo, o que o pai lhe queria dizer.

Gestos simples como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam para
aquele filho muito mais do que os presentes ou as desculpas vazias.

É por esta razão que um beijo cura a dor de cabeça, o arranhão no
joelho, o medo do escuro. As pessoas podem não entender o significado de muitas
palavras, mas SABEM registar um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja
apenas um nó num lençol...
Pensem nisto...

1 comment:

Marta said...

Muito lindo!
Faz realmente pensar...

beijocas